Atelier de Projeto VI – Habitações de Interesse Social

Embora minha nota em Atelier de Projeto VI não tenha sido daquelas que você tem orgulho de mostrar para todos, jamais poderia dizer que não aprendi nada com essa cadeira. De fato, Atelier de Projeto VI foi uma das cadeiras que mais me ensinou nesses 6 semestres de faculdade.

Ok. Na semana de entrega final eu repeti “nunca quis tanto me ver livre de um projeto como quero me ver desse” tantas vezes que virou praticamente um mantra. Mas agora, depois de quase duas semanas de repouso absoluto(e muitas horas de Skyrim LoL), posso dizer com toda certeza que aprendi muito nesse semestre (principalmente em não deixar tudo para última hora, não é?).

Em Projeto VI temos uma mudança de paradigma no que entendemos como fundamental na arquitetura, ao mesmo tempo em que nos vemos obrigados a trabalhar com um tema que, tenho certeza, poucos de nós, estudantes de arquitetura, escolheríamos como primeira opção em sua futura vida profissional: Habitação de Interesse Social.

Não há um de nós que não questione a qualidade da produção arquitetônica atual nessa área e esse, talvez, seja o grande motivo para a repulsa ou preconceito de alguns arquitetos em trabalhar com Habitação de Interesse Social.  Mas se existe um grande culpado para o baixo padrão de qualidade da produção arquitetônica nessa área somos nós, arquitetos e futuros arquitetos. Fomos nós que optamos por deixar de lado este tema.

Se nos lembrarmos das aulas de histórias, veremos que o modernismo, principalmente no período pós Segunda Guerra, abraçou as Habitações de Interesse Social como bandeira. E, embora muitos dos preceitos estabelecidos por aqueles arquitetos naquela época hoje sejam questionáveis não podemos questionar o empenho dos mesmos em fazer algo. De fato, houve sucessos inquestionáveis e não precisamos ir longe para achá-los:  Affonso Eduardo Reidy, aqui no Brasil mesmo, com seu Conjunto Pedregulho, mostrou que é possível fazer um Conjunto Habitacional de Interesse Social de qualidade, e isso nos anos 40!

Conjunto Pedregulho(1974), Rio de Janeiro - Affonso Eduardo Reidy
Conjunto Pedregulho(1947), Rio de Janeiro – Affonso Eduardo Reidy

Mas por que hoje se produz tão poucas Habitações de Interesse Social de qualidade? Simples: porque paramos de tentar e, principalmente, paramos de ouvir. Saímos da faculdade, muitas vezes, achando que somos os donos da “verdade arquitetônica”, uma verdade que sequer existe. E aceitar a opinião de alguém que, muitas vezes, não possui o ensino fundamental completo, nos é tão “ultrajante” que optamos por sequer tentar entrar no tema. Como se deixar as habitações de interesse social para Engenheiros ou arquitetos ruins fosse mais prazeroso simplesmente para nos dar motivos para criticá-los.

Se existe uma coisa que Projeto VI me ensinou e que levarei para o resto da vida foi  “ouvir”. Não importa quanto estudo sobre o tema temos, o usuário do objeto arquitetônico sempre sabe o que é o melhor para ele, seja ele quem for ou quanto estudo ele tiver. E ignorar a opinião do usuário é o maior erro de projeto que podemos cometer. Muito pior do que uma fachada mal composta, ou um tipo de janela mal escolhida é uma casa que não deixa seus moradores felizes e confortáveis. E se achamos que as Habitações de Interesse Social no Brasil atualmente são de péssima qualidade é nossa obrigação tentar mudar isso projetando coisas melhores e não simplesmente ficar reclamando ou criticando quem trabalha com o tema. Precisamos de mais “Arquitetos Punk Rock”, que não apenas reclamem, mas façam alguma coisa. Uma arquitetura mais “Faça-Você-Mesmo”!

Reidy já usava óculos de Hipster antes dos Histers. Chupa Sociedade. (Momento Zueira do Post)
Reidy já usava óculos de Hipster antes dos Histers. Chupa Sociedade. (Momento Zueira do Post)

1 Comment

  1. Eu não sou da área da arquitetura, mas sou da área das humanas e fico extremamente feliz em ver um texto que se preocupa em articular a questão social com o planejamento habitacional.
    Fico feliz em ver arquitetos se formando com este pensamento e se tu aprendeste isso nesta cadeira, certamente, foi uma bela cadeira.

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